16
de maio de 2012
Que
noite horrível! A pior da minha vida... Penso, repenso, choro, grito, urro,
estapeio o travesseiro e começo tudo de novo. Tenho que fazer uma escolha. Uma
escolha que só depende de mim. Alfredo e Bobby me querem. Dizem que me amam.
Acho que só gostam de mim. Mas gostam bastante. Mais do que o suficiente pra me
fazer feliz. Não posso mais ficar neste não-sei-o-que-quero... Muito bem. Vamos
lá. Enfrentar de cara. De frente. Com tudo. O que quero? Quem quero?
Nem posso choramingar tanto. Fazer
tamanha cara de coitadinha, de infeliz. Afinal, tenho 16 anos e tenho dois
apaixonados. De plantão. Fazendo cenas por minha causa. Quase se estapeando em
público. Minhas amigas, morrendo de inveja. Me achando uma sortuda. Dois caras
legais querendo me namorar firme. Por que não posso ficar com os dois? Sei
muito bem por quê, portanto, vamos parar com esta bobagem.
Alfredo não é muito bonito. É alto,
magricela. Cara inteligente. De óculos. Tem 21 anos, é homem feito. Tem carro,
tem dinheiro, estuda Engenharia na Poli. Está no 3º ano. Bom aluno, estudioso;
responsável. Ótima pessoa. O herói da minha mãe. Aliás, o herói de todas as
mães do pedaço. Me acham uma louca desvairada por não estar com ele de vez.
Bobby também não é muito bonito. Mas
tem um quê especial. Um ar maroto, bem safado. Conquistador. Todo cheio de
vozes, de sussurros, um sorriso de derreter. Irresistível quando quer. Desenha
bonito e passa o tempo todo com seus papéis, lápis e tintas. Nem pensa em
faculdade. Vive duro e sempre se vira pra conseguir algum. Consegue, quase
sempre. Na minha casa não faz o menor sucesso. É tocar a campainha que torcem o
nariz. Quando telefona, se pudessem, diriam que não estou. Mas quando entra, se
derretem com seu charme, suas piadas. Melhor companhia não tem.
A verdade, acho, é que não estou
apaixonada por nenhum deles. Ou não sei o que é amar. Como é que a gente se
sente de verdade? O que acontece por dentro e por fora? Se soubesse, não estava
nesta baita indecisão. Amanhã cedinho tenho que ter a resposta. Escolha
escolhida. Ficar com um e largar o outro. Disso, não tenho dúvidas. Só disso.
Mas ficar com qual?
Queria um sinal do destino. Uma
pista. Vou passar a noite em claro, esperando. Por esse sinal e porque estou
uma pilha de nervos. Não vou conseguir dormir de nenhum jeito... É muita
aflição, muito nervoso, muito medo de errar. Faço outra vez a listinha dos prós
e contras? Dos pontos positivos e negativos de cada um deles? Por que não? Faço.
Estudo do Texto
1) O texto começa assim:
“Que noite horrível!” Essa frase mostra o estado emocional da garota, que
registra seu conflito no diário. Explique qual é esse conflito.
2) Por que ela acha que
não tem motivos para choramingar e se fazer de coitadinha?
3) Como os dois rapazes
se sentem com relação a ela?
4) O que as amigas dela
pensam disso?
5) Ela diz “Por que não
posso ficar com os dois? Sei muito bem por quê.” Afinal, por que ela não pode
ficar com os dois?
6) Observe a lista que
ela apresenta no 3º e no 4º parágrafos, com os prós e contras de Alfredo e
Bobby, e responda:
a) Explique com suas
palavras como é Alfredo e como é Bobby.
b) Qual deles você acha
que ela deveria escolher? Por quê?
7) Quando ela teria que
dar a resposta de sua escolha?
8) Por que ela acha que
não vai conseguir dormir à noite?
9) O que ela resolveu
fazer para decidir entre os dois?
BOA NOITE!
ResponderExcluirGOSTEI DO TEXTO. QUEM É O AUTOR?
Nem sabia quem era, procurei saber:
ResponderExcluirFanny Abramovich, As voltas do meu coração, 3ª ed., São Paulo. Atual, 1988, p.78