segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cão! Cão! Cão (Millôr)


CÃO! CÃO! CÃO!
(Millôr Fernandes)

Abriu a porta e viu o amigo que há tanto não via. Estranhou apenas que ele, amigo, viesse acompanhado por um cão. Cão não muito grande, mas bastante forte, de raça indefinida, com toda efusão. “Quanto tempo!”. O cão aproveitou as saudações, se embarafustou casa adentro e logo o barulho na cozinha demonstrava que ele tinha quebrado alguma coisa. O dono da casa encompridou um pouco as orelhas, o amigo visitante fez um ar de que a coisa não era com ele. “Ora, veja você, a última vez que nos vimos foi...” “Não, foi depois, na...” “E você, casou também?” O cão passou pela sala, o tempo passou pela conversa, o cão entrou pelo quarto e novo barulho de coisa quebrada. Houve um sorriso amarelo por parte do dono da casa, mas perfeita indiferença por parte do visitante. “Quem morreu definitivamente foi o tio... Você se lembra dele?” “Lembro, ora, era o que mais... não?” O cão saltou sobre um móvel, derrubou o abajur, logo trepou com as patas sujas no sofá ( o tempo passando) e deixou lá as marcas digitais de sua animalidade. Os dois amigos tensos, agora preferiam não tomar conhecimento do dogue. E, por fim, o visitante se foi. Se despediu, efusivo como chegara, e se foi. Mas ainda indo, quando o dono da casa perguntou: “Não vai levar o seu cão?” “Cão? Cão? Cão? Ah, não! Não é meu, não. Quando entrei, ele entrou naturalmente comigo e eu pensei que fosse seu. Não é seu, não?”

MORAL: Quando notamos certos defeitos nos amigos, devemos sempre ter uma conversa esclarecedora.




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Estudo do Texto

1) Quais são os personagens da história?

2) O autor não utilizou travessões para indicar os diálogos. Que recurso Millôr Fernandes usou para representar as falas dos personagens?

3) O cão era vira-lata. Que expressão do texto indica isso?

4) Enquanto os amigos conversavam, o cão passou por três cômodos da casa. Indique quais são os cômodos e o que o cão fez em cada um deles.

5) Por que os amigos foram ficando tensos à medida que o tempo ia passando?

6) O que significa o sorriso amarelo do dono da casa no meio de sua conversa com o amigo?

7) Por que nenhum dos amigos reagiu às destruições do cachorro?

8) Que fato é responsável pelo humor do texto?

Respostas:
1) Os dois amigos e o cão.
2) Aspas
3) De raça indefinida
4) cozinha (quebrou algo), quarto (quebrou algo), sala (derrubou o abajour e deixou suas marcas no sofá)
5)Porque o cachorro estava quebrando tudo e ninguém fazia nada.
6) Que ele estava sem graça.
7) Porque o cão não era de nenhum dos dois.
8) Que um fica achando que o cão era do outro e não era de ninguém.

8 comentários:

  1. por que tem ponto de exclamação no nome do texto ?

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    1. A exclamação depois de Cão, no título seria uma resposta à pergunta que um dos amigos faz ao outro, perguntando se o cachorro era dele. Ou também, porque sendo um cão que não pertencendo a nenhum dos dois,não sabiam seu nome e se referiram a ele como "cão".

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  2. Pergunte ao Millôr Fernandes! O texto é dele, ele que tem que saber! Mas acredito que seja com referência ao "Cão? Cão? Cão?" do texto.

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  3. A ideia é que o Blog seja para professores de português e não para alunos, e professores já sabem as respostas, mas vamos lá:
    1) Os dois amigos e o cão.
    2) Aspas
    3) De raça indefinida
    4) cozinha (quebrou algo), quarto (quebrou algo), sala (derrubou o abajour e deixou suas marcas no sofá)
    5)Porque o cachorro estava quebrando tudo e ninguém fazia nada.
    6) Que ele estava sem graça.
    7) Porque o cão não era de nenhum dos dois.
    8) Que um fica achando que o cão era do outro e não era de ninguém.

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    1. o cao chama vira lata porque a raça dele nao foi definida

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  4. mais duas perguntas.
    Depois de você ler este texto responda:
    a)O que uma historia deve ter para ser considerada fábula?
    b)Existe fábula sem moral?7
    quem puder responder fique a vontade.

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  5. A fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens são geralmente animais que possuem características humanas. Pode ser escrita em prosa ou em verso e é sustentada sempre por uma lição de moral, constatada na conclusão da história. A fábula, por ter caráter educativo encerram sempre uma moral, ou ensinamento.

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